segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Uma família

Mariana está sempre na mesa da sala naquela hora. Espera ansiosa pela hora do jantar. O problema é que um sempre briga com o outro nessa hora. Tem aquela pessoa que chega sempre atrasada, estressada e sem ânimo para conversar com ninguém.
Mariana adorava quando essa pessoa tinha tempo para falar sobre a escola, das coleguinhas, jogar banco imobiliário ou quando passavam noites inteiras pintando um quadro.  A pessoa falava que estava lutando por um futuro melhor para ela e que quando fosse grandinha iria agradecê-la. Mariana entendia, mas, bem lá no fundo, só queria brincar com aquela pessoa.
A outra pessoa sempre estava arrumando algo. Depois que teve aulas de matemática no colégio, Mariana contou que ela organizava os quartos dez vezes durante cinco dias. Quando não estava arrumando a casa, ela se preocupava com contas a pagar, parentes e projetos futuros. Sempre exaltava o que iria fazer e não o que vai fazer.
A menina continuava na mesa, esperando o grande momento que chegou logo. Primeiro, colocaram a panela com o macarrão alho e óleo que só a pessoa que amava arrumar a casa sabia fazer. Em seguida, veio a salada que não gerou tanto apreço da garotinha. Por último, de surpresa, apareceu uma taça de sorvete de flocos gigante com uma cereja em cima. Fizeram Ma, como era chamada pelas pessoas, prometer que só iria tomar se comesse toda a salada.. Ela, que não é boba, consentiu com seu sorriso charmoso e o sinal de positivo com a cabeça.
Antes de comer, todos fizeram uma oração, já que seguiam preceitos evangélicos firmes naquele lar.
Comeram o delicioso jantar com muito amor e volúpia, pois o macarrão estava divino. Se lambuzaram com o sorvete como se aquele fosse o último pedaço de flocos do planeta terra.
Depois da farra gastronômica, brincaram um pouco de boneca e Mariana, exausta, resolveu ir dormir com um sorriso largo, que criança só mostra quando está realmente feliz. Morrendo de sono, beijou Carla e Joana que se abraçavam e se acariciavam apaixonadas no sofá. Primeiro, beijou a ‘mãe 1’ pedindo benção e depois a’ mamãe 2’ fazendo o mesmo procedimento.
Mariana se gabava por ser a única menina do colégio que dormia na cama das ‘mães’ e não dos ’pais’. Tinha duas mulheres para explicar as coisas, falar dos meninos e fazer carinho nela. Ela amava dormir entre as duas como se fosse um hambúrguer no meio do pão.

Aquela também era uma família feliz!


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