quarta-feira, 16 de julho de 2014

O outro lado da fama


#O outro lado da fama

Foi sua primeira overdose quase mortal. E havia ocorrido no mesmo dia que ele se tornou um astro’’. (Mais pesado do que o céu. Uma biografia de Kurt Cobain - Editora Globo).
                  
‘’12 de Janeiro de 1992. O quarto em si parecia ter sido engolido por uma tempestade: esparramados pelo chão, com a desordem de um bazar de caridade de um cego, montes de roupas, camisas e sapatos. Próximos às portas duplas da suíte, uma meia dúzia de bandejas cobertas com os restos de vários dias de refeição de serviço de quarto. Bolinhos semicomidos e fatias rançosas de queijo cobriam o tampo das bandejas e um punhado de moscas das frutas pairava sobre a alface murcha. Não era a situação típica de um quarto de hotel quatro estrelas-era conseqüência do aviso que alguém dera ás arrumadeiras para ficarem longe do quarto. Eles haviam alterado a placa ‘’Não Perturbe’’ para ‘’Nem Pense em perturbar! Estamos transando!”.

Naquela noite específica, enquanto Courtney dormia, Kurt havia descuidadamente - ou intencionalmente - usado mais heroína do que era seguro. A overdose fez sua pele ficar com um tom verde, aquoso, bloqueou sua respiração e tornou seus músculos tão rígidos quanto um cabo coaxial.

(Mais pesado do que o céu. Uma biografia de Kurt Cobain - Editora Globo).

O trecho acima descreve com perfeição o inicio da queda de um mito. Quem lê apenas este parágrafo, sem saber quem, como e quando aconteceu, já tem a ideia de que algo não ia bem.

Poderíamos pensar que o ocorrido ilustra uma fase difícil, onde a carreira não deslanchava, ou problemas sérios de relacionamento com a família.
Mas, quando lemos a sequência desse conto de horrores da vida real, vemos que o personagem principal acabava de conquistar o maior feito de sua vida.

O menino de Seattle que afirmou para amigos: ‘’Vou ser um superastro da música, me matar e me apagar numa chama de glória’’ (Mais pesado do que o céu. Uma biografia de Kurt Cobain - Editora Globo), acabara de concretizar a primeira fase de sua premonição com louvor.

Como vemos a seguir, naquela noite não havia problemas de cunho social ou amorosos.   Ao contrário, Kurt Cobain conquistava o maior êxito de sua carreira:

‘’Kurt e sua banda haviam sido o número musical do Saturday Night Live. Sua apresentação no programa se mostraria um divisor de águas na história do Rock: a primeira vez que uma banda grunge havia recebido exposição nacional ao vivo na televisão. Foi no mesmo fim de semana em que o maior lançamento do Nirvana, Nevermeind, batia Michael Jackson no primeiro lugar das paradas Billboard, tornando-se o álbum mais vendido do país.

Esses acontecimentos, tomados em conjunto, certamente marcaram o apogeu de sua curta carreira o tipo de reconhecimento com que apenas sonha a maioria dos artistas e que o próprio Kurt havia fantasiado quando adolescente’’ ((Mais pesado do que o céu. Uma biografia de Kurt Cobain - Editora Globo).

Mas o maior erro do cantor, não foi às noitadas e o uso abusivo de drogas. Este veio como reflexo de uma alma que clamava por atenção desde a separação dos pais. Um menino que, como tantos outros, passou a usar drogas como uma forma de se mostrar presente; uma forma de cutucar uma família dilacerada.

Quando alcançou a fama, o garoto esperava que com o sucesso viesse a paz, como se a fama fosse um alicerce para a luz.

Ledo engano! Após o sucesso veio à cobrança. Kurt se matava internamente por ser um mau exemplo para a juventude. O cantor não aceitava jovens usando todo o tipo de droga durante seus shows.

Como anestésico, o roqueiro intensificou o uso de heroína. Toda vez que tentava parar com a droga apareciam vendedores na porta de sua casa. A fama fazia mais uma vitima.
Sem liberdade e com o peso do sucesso nas costas, se matar foi a “única” saída. Falaremos em outros textos sobre a relação entre suicídio e as drogas.

‘’ Kurt Sempre acreditara que o reconhecimento de seu talento curaria as muitas dores emocionais que marcaram sua infância: o sucesso havia demonstrado a tolice dessa ideia e aumentara a vergonha que ele sentia por sua vertiginosa popularidade com a escalada do uso de drogas’’ (Mais pesado do que o céu. Uma biografia de Kurt Cobain - Editora Globo).



Nenhum comentário:

Postar um comentário